O Falcão Peregrino e o Ventor 2
Pedi ajuda para me ajudarem a apanhar o falcão. Trouxemos uma manta e ficamos cá fora à espera que o sol rodasse do lado das janelas e, mais um pouco, o espaço ficaria mais escuro. Entretanto evitávamos que o falcão continuasse a massacrar-se contra as janelas. Ouvimos o falcão atirar-se contra uma das janelas e a Tata, com a manta na mão, entrou e viu que o animal estava no chão. Aproximou-se, colocou-lhe a manta em cima e trouxe-o cá para fora tapado.
Disse à Tata para o pousar no chão, destapa-lo e deixar ele decidir. Cá fora, em plena liberdade, espreitou-nos a todos. Éramos sete. O João foi buscar água numa caixa de plástico e ele, calminho, bebericou. O João que não tinha nada para lhe dar, trouxe-lhe um bocado de pão a pensar que ele comia como os melros. Mas o falcão não pegou no pão e, se calhar, até lhe pedia um bife mas, nada!
Na brincadeira, disse-lhe: «não tenhas pressa, estás entre amigos. Fica o tempo que quiseres. Se calhar ainda tenho que te levar à GNR para tomarem conta de ti».
Cheguei a convencer-me que o animal se teria ferido, com toda a sua brutalidade, contra as vidraças. Mas não. Ele fez uma tentativa de se ir embora mas voltou a olhar para nós como a perguntar se estava livre. «Estás livre, se és capaz vai-te embora». Ele até parece que entendeu. Com toda a calma do mundo levantou voo, passou ao lado do eucalipto e foi pousar sobre os paus de madeira que cercavam o local dos rodeios para os cavalos. Olhou para nós e disse: "adeus Ventor, prometo nunca mais voltar a entrar dentro de celeiros ou o que quer que seja".
Levantou voo e foi um prazer conviver uns minutos, em liberdade, com um belo animal que nunca mais esquecerei. Vem do post anterior.